Teoria Musical Básica
- Eloir de Azevedo
- 26 de nov. de 2015
- 10 min de leitura
Teoria Musical Básica.
Para que possamos iniciar nosso estudo, este método é apenas uma parte da imensa teoria musical que serve para qualquer tipo de instrumento, ou seja, se você pretende aprender a tocar algum tipo de instrumento (Teclado, Baixo, Guitarra, Violão, Bateria é bateria também precisa de teoria, violino, instrumentos de sopro e etc.) é importante que saiba o básico que será apresentado nas linhas a seguir.
O que é música?
A pergunta “o que é música” tem sido alvo de discussão há décadas. Alguns autores defendem que música é a combinação de sons e silêncios de uma maneira organizada. Explicando com um exemplo básico: Muitos aparelhos emitem ruídos, mas não de uma forma organizada, por isso não é classificado como música. Essa definição parece simples e completa, mas definir música não é algo tão óbvio assim. Podemos classificar um alarme de carro como música? Ele emite sons e silêncios de uma maneira organizada, mas garanto que a maioria das pessoas não chamaria esse som de música.
Então, o que é música afinal?
Voltando ao início das aulas de música na escolinha da tia Tetéia, definição de música é: A arte de expressar os sentimentos através dos sons que de uma forma organizada em três estágios que interagem entre si, e são eles:
Melodia - é a voz principal do som, é aquilo que pode ser cantado.
Harmonia - é uma sobreposição de notas que servem de base para a melodia. Cada acorde é uma sobreposição de várias notas, como veremos adiante em outros tópicos. Por isso que os acordes fazem parte da harmonia.
Ritmo - é a marcação do tempo de uma música. Assim como o relógio marca as horas, o ritmo nos diz como acompanhar a música. Cada um desses três assuntos precisa ser tratado à parte. Um conhecimento aprofundado permite uma manipulação ilimitada de todos os recursos que a música fornece, e é isso o que faz os “sons e silêncios” ficarem tão interessantes para nosso ouvido.
Primeiramente temos que entender o que estamos ouvindo, treinar o ouvido é importante para poder começar a assimilar o que buscar nas diversas escalas que conhecemos ou que possamos conhecer no futuro.
Estrutura das notas.
Sabemos que existem 7 notas musicais principais, e são elas: Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si; nós a representamos por um código que chamamos de cifras, então fica mais fácil de decorar seu significado e identificar rapidamente em uma partitura.
A composição das cifras se resumem nas seguintes estruturas:

A estrutura padrão é um formato que utilizamos na ordem comum das notas de dó a si, para muitos é uma boa estrutura para decorar, porém tem pessoas que sentem mais dificuldades ao decorar essas que parecem serem simples letras e notas, só que são importantes e o receio acaba travando a compreensão do seu significado, então muitos acham o método de utilizar o alfabeto como uma forma mais fácil de decorar.
Isto é apenas uma simbologia básica, existem muitos outros simbolos que irei mostrar nessa lição que são complementos e dão mais significados às notas e ênfase ao que é proposto na música, esses simbolos assim como as cifras são importantes na música, pois passam mais informações do que será feito no instrumento e sua compreensão é vital para que possa ter sucesso na execução da atividade.
Abaixo tem uma lista com alguns dos simbolos e seus significados:

Sabendo destes simbolos e seus respectivos significados, entendemos que as sete principais notas musicais se transformam e suas variações compõe mais notas formando muitas escalas, dentre elas a escala primária e básica chamada escala cromática, sua formação segue-se desta forma:
Escala Ascendente – C, C#, D, D#, E, F, F#, G, G#, A, A#, B, C
Escala Descendente – C, B, Bb, A, Ab, G, Gb, F, E, Eb, D, Db, C
Você com certeza irá se perguntar, “porque não tem E#, B#, Cb e Fb”, estas notas existem na teoria, pois o conceito de tons e semi tons dão esta notoriedade a elas. Vejamos a nota E# e comparando com a escala cromática ela se torna a nota F, assim como B# se torna C, Cb se torna B e Fb se torna E, pois entre estas notas encontra-se uma variação na tonalidade.
Abaixo mostrarei a estrutura dos tons que facilitará a compreensão:
Escala diatônica – Composta por 5 tons e 2 semi tons.
Iº – IIº – IIIº ^ IVº – Vº – VIº – VIIº ^ VIIIº
Exemplo:
C – D – E ^ F – G – A – B ^ C
D – E – F# ^ G – A – B – C# ^ D
E – F# - G# ^ A – B – C# - D# ^ E
Legenda:
xº = Graus
- = Tom
^ = Semi tom
Estrutura dos acordes
É composta por duas ou mais notas formando um som harmônico que de acordo com a melodia e o ritmo utilizado forma um som agradável que conhecemos como música. Quando o acorde é formado por três notas chamamos de tríade, e seu nome é definido pela nota tônica, ou seja, é baseada na notas fundamentais conhecidas como (dó, ré, mi, fá, sol, lá, si).
Sua composição é feita da seguinte forma:
· Nota fundamental ou tônica – é a primeira nota do acorde dando nome ao mesmo.
· Terça Maior ou menor – responsável por dar a tonalidade do acorde.
· Quinta justa ou diminuta – Consolida a formação do acorde informando se ele é justo, diminuo ou aumentado.
Nome dos graus da escala

Tríades e Tétrades
Como já vimos, a tríade é a formação básica do acorde composto por 1º, 3º e 5º grau da escala cromática. Ao utilizar uma quarta nota no acorde padrão, irá mudar a nomeclatura de tríade para tétrade deixando o acorde mais aprimorado e dando diferentes tonalidades na música nos momentos que se pede tais notas. Abaixo estão as tabelas com exemplo das formações de tríades e tétrades:

Inversão do acorde
Além das formas indicadas nas tabelas acima, é possível indicar acordes em que a sequência das notas é invertida e uma das notas mais agudas é usada como baixo. Para indicar a inversão, utiliza-se a mesma notação acima, indicando qual das notas deve ser o baixo do acorde, separada por uma barra. A primeira inversão é obtida movendo a nota fundamental oitava acima, passando a segunda nota a ser o baixo. A segunda inversão é realizada, movendo o baixo da primeira inversão oitava acima.
Por exemplo, se o acorde de Sol maior - G (Sol, Si, Ré) for invertido uma vez, teremos G/B (Si, Ré, Sol oitava acima). Na segunda inversão o acorde é G/D (Ré, Sol oitava acima, Si oitava acima). A terceira inversão não é indicada pois é igual ao acorde original, apenas todas as notas são tocadas uma oitava acima. A inversão de qualquer acorde pode ser indicada da mesma forma, bastando indicar o acorde original e a nota que será a mais baixa na inversão - por exemplo um acorde com sétima G7 (tétrade) em sua segunda inversão seria G7/D (Ré, Fá, Sol oitava acima, Si oitava acima).
Resumindo - Podemos utilizar a inversão dos acordes simplesmente trocando as notas do acorde da posição padrão, facilitando a execução da nota ou até mesmo modificando o timbre gerado pelo acorde.
Tipos de Escalas
Escalas modernas, que na cultura ocidental são as mais utilizadas:
Escala cromática
Escala Maior
Escala menor
Escala pentatônica ou chinesa
Sendo que a Escala menor se divide em 3 :
Escala Menor Natural ou Primitiva
Escala Menor Harmônica
Escala Menor Melódica
Outras escalas são, entre outras:
Escalas gregas ou modos gregos, também chamados modos litúrgicos ou modos eclesiásticos, como dórico, frígio e lídio.
Escala cigana
Escala hexafônica ou Escala de tons inteiros
Escala árabe, uma escala de 17 notas com passos menores do que um semitom
Outras escalas exóticas
Outra maneira de sistematizar as escalas são a separação em:
Escalas diatônicas com 5 tons e dois semitons (como as escalas maiores, menores, ciganas e modos gregos)
Escalas artificiais (como a cromática com 12 semitons)
Escalas exóticas de outras culturas
Campo Harmônico.
Chamamos campo harmônico, a escala feita a partir de suas respectivas notas que serão chamadas de tônicas e acidentes tonais como tons e semi tons, porém não trabalharemos apenas com as notas propriamente ditas mas seus acordes formados e com suas cifras e simbologias.
Como formar um campo harmônico
Para cada nota dessa escala, iremos montar um acorde. Vamos ter, portanto, sete acordes, que serão os acordes do campo harmônico de dó maior.
Como faremos isso?
Para cada nota da escala, o acorde respectivo será formado utilizando o primeiro, o terceiro e o quinto graus (contados a partir dessa nota, em cima dessa mesma escala). Vamos começar com a nota C. O primeiro grau é o próprio C. O terceiro grau, contando a partir de C, é E. O quinto grau, contando a partir de C, é G.
No campo harmônico maior, que é o mais utilizado e de fácil compreensão, utiliza-se apenas 3 acordes maiores em sua estrutura, e podemos representá-los por graus que sendo transcrito em outras tonalidades terão o mesmo efeito. São os graus: Iº M, IVº M e Vº M.
Abaixo tem uma tabela completa dos campos harmônicos com suas variações:
Tabela dos Campos Harmônicos Maiores Naturais

Tabela dos Campos Harmônicos Menores Harmônicos

Tabela dos Campos Harmônicos Menores Melódicos

Acorde de empréstimo modal
Como o próprio nome diz, Acorde de Empréstimo Modal (AEM) é um acorde emprestado de outro modo. Esse modo pode ser um modo grego ou o modo homônimo.
Na maior parte das vezes, os AEM são provenientes do modo homônimo. Por esse motivo, muitos autores classificam AEM como somente empréstimo do modo homônimo. Nossa definição aqui, porém, vai ser mais abrangente que isso.
Antes de continuarmos, vamos citar um exemplo de acorde de empréstimo modal: digamos que uma música está na tonalidade de Dó maior. Se, em algum instante da música, aparecer o acorde Eb7M, nós rapidamente identificamos que ele não faz parte do campo harmônico de Dó maior e sim do campo harmônico de Dó menor. Como Dó menor é o homônimo de Dó maior, concluímos que Eb7M é um AEM do modo homônimo. Os acordes de empréstimo modal são acordes passageiros; eles surgem na música de repente e, logo em seguida, a música já retoma a sua harmonia tonal novamente. É raro aparecer um AEM acompanhado de uma cadência, pois, nesse caso, estaríamos caracterizando uma modulação.
Repare na diferença: as modulações são pequenas transições de tonalidade. Os acordes de empréstimo modal não constituem uma mudança de tonalidade, eles são apenas acordes emprestados e passageiros. Entendido essa diferença, podemos prosseguir.
Opções de acordes de empréstimo modal
Considerando todos os modos, existem muitas opções de AEM para se utilizar nas músicas. Observe abaixo os acordes dos campos harmônicos de todos os modos disponíveis para o tom Dó:

Do ponto de vista de notas de extensão, é muito comum substituir, no modo homônimo, os graus Im7 e IVm7 por Im6 e IVm6, respectivamente, devido à sonoridade agradável produzida.
É preciso ter atenção também com o acorde Vm7, pois, em alguns casos, ele não é AEM e sim segundo cadencial, proporcionando uma modulação para o quarto grau. Exemplo: Gm7 – C7 – F.
Muito bem, você já deve ter percebido que são muitos detalhes, então você precisa trabalhar em cada um deles com calma.
Agora que o conceito de empréstimo modal já está bem sólido, vamos treinar um pouco a improvisação em cima desses acordes. Depois, vamos analisar algumas músicas que contém AEM para você acreditar que isso realmente existe e é utilizado!
Como improvisar sobre acordes de empréstimo modal
Improvisar em cima dos AEM é simples, basta identificar de onde veio o empréstimo modal e tocar a escala desse modo em cima do acorde. Na teoria é fácil, mas na prática você deve estar imaginando que é difícil, pois precisamos identificar com muita velocidade qual foi o modo emprestado para saber qual tonalidade ou escala utilizar. Realmente isso é verdade. Por isso que é útil saber quais são os AEM mais utilizados, pois assim você pode decorar esses graus e saber automaticamente o que utilizar nessas situações. Tudo isso vai ajudar a diminuir suas surpresas na hora do improviso e aumentar sua bagagem musical. Quanto mais prática e experiência, mais rápido seu reflexo vai ficar.
Vamos começar então trabalhando improvisação em cima de algumas bases do Guitar Pro. Todas elas estão na tonalidade de Dó maior e contêm AEM:
1) | C7M | Fm7 Bb7 | C7M |
No Segundo compasso desse arquivo, podemos usar a escala de Cm, já que Fm7 e Bb7 pertencem ao tom homônimo Cm. Outra opção seria utilizar os recursos que já estudamos para as cadências de II – V, com toda aquela abordagem possível para o dominante, pois Fm7 – Bb7 é uma cadência II-V com resolução deceptiva. Claro que o fato de ser resolução deceptiva requer cautela no retorno do solo para a tonalidade original.
2) | C7M | Dm7 Db7M | C7M |
Aqui nessa base temos, no final do segundo compasso, o acorde Db7M, que é um acorde empresado do modo frígio. Em outras palavras, Db7M é um acorde que existe na tonalidade de Ab maior (ele é IV grau de Ab), onde Dó é terceiro grau (IIIm7) de Ab. Então, podemos utilizar nesse momento a escala de Ab, sua relativa Fm ou, é claro, Dó frígio. Ou ainda, Db lídio, já que ele é IV grau de Ab. Tudo isso é, no fundo, a mesma coisa.
3) | C7M | Abmaj7 Db7| C7M |
Na primeira metade do segundo compasso, podemos utilizar a escala de Cm, pois Abmaj7 é um AEM do modo homônimo, IV grau de Cm. Na segunda metade, podemos utilizar Ab menor melódica, que é a escala menor melódica uma quinta acima de Db7. Obs: Este acorde está atuando como subV7 de G7.
4) | C7M Bb7 | Abmaj7 G7 | C7M |
Aqui, no primeiro compasso, já aparece um AEM (do modo homônimo). Em cima dele podemos utilizar a escala de Cm ou Si bemol mixo lídio, pois Bb7 é o quinto grau de Eb (relativa de Cm). Podemos continuar em cima da escala de Cm no segundo compasso devido ao Abmaj7 (que também pertence ao campo de Cm) e, quando vier o acorde G7, podemos tocar a escala de Dó menor harmônica, como se ainda fossemos continuar no modo de Dó menor. Essa é uma ideia bem interessante para essa progressão.
5) | C7M | Fmaj7 Fm6 | C7M |
No segundo compasso dessa progressão, em cima do Fm6 (IVm6), que é um AEM do modo homônimo, podemos utilizar a escala de Fá menor melódica. Se você quiser entender o porquê disso, leia o artigo “Quarto grau menor (IVm6)”.
Além de toda essa abordagem que mostramos, os acordes de empréstimo modal podem também ser precedidos por um dominante. Por exemplo, nos exercícios anteriores, Ab7M poderia ser antecedido por Eb7 em alguma progressão. Nesse caso, Eb7 não seria um acorde de empréstimo modal, e sim um dominante auxiliar. Agora, cuidado ao querer acrescentar também o segundo cadencial nessa progressão, para tentar formar um II – V – I, pois com essa estrutura já estamos partindo para o lado da modulação e saindo do mundo do empréstimo modal.
Não se esqueça do que falamos lá no início: AEM são acordes que aparecem como intrusos, eles não tem o objetivo de mudar a tonalidade da música, apenas aparecem como efeito surpresa para marcar alguma peculiaridade na melodia.
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